O desfecho perfeito para o último dia do mundo não era cometer qualquer loucura, era aquele abraço.
Microcontos de R.B. Côvo
sábado, 22 de abril de 2017
IV
Tentou dizer-lhe as coisas mais duras, que se fosse embora, não voltasse nunca mais, mas não conseguiu tecer senão um "amo-te".
terça-feira, 14 de junho de 2016
III
- Ah!, diz-me, como faz amor um terráqueo?
O rapaz gesticulou, demonstrou uma dezena de posições, e a moça verde-musgo concluiu:
- O amor humano é demasiado físico.
O rapaz gesticulou, demonstrou uma dezena de posições, e a moça verde-musgo concluiu:
- O amor humano é demasiado físico.
II
O pai, terráqueo, esbravejava: "Meu filho será nascido e registrado aqui. Será americano, como seu pai e avós". A mãe, extraterrestre, era indiferente ao local de nascimento da criança. Sabia que havia muito para além da América.
I
Na Convenção Intergaláctica de 2833, um episódio sobre o amor:
- Vejam! Esse daqui, sapiens sapiens sapiens, cegou. Sim, cegou. Completamente! Sua cegueira é tal que é incapaz de distinguir o belo do feio, o uniforme do disforme, o certo do errado. Vejam! Ademais, perdeu em 90% a audição. Não há quem o chame que escute. A não ser ela, Samanta. (mostrando uma fotografia da mesma) Argh, que nojo! (breve pausa) Desculpem. Só ela logra a sua atenção e apetite. Não come, entregou-se ao desânimo e ao ócio... É um inválido. Um inválido que age como um louco ensimesmado... Vejam!
Aquele vulto atrás da grade era a sombra, sem dúvida, o resquício de um sapiens. Raquítico, trémulo, pálido, todo dentes... Um miserável. Vendo isso, Monsiú Rambot, que presidia a convenção, exclamou: "Soltem-no! É inofensivo".
Era-o, de fato. Depois de solto, a primeira coisa que fez, instintivamente, foi jogar-se no vazio.
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